24.2.13

Engraçado estar aqui na cama a pensar criar um novo blog quando este está pelas ruas da amargura.
Ando entre o doente e o cansada, mas na maior parte das vezes cago um bocado no assunto. Empurro os dias com a barriga, acordo, tomo banho, trabalho que nem uma moura, tomo uns analgésicos pras costas, venho pra casa. Às vezes vou beber um copo sozinha num sítio decorado com âncoras e nós de marinheiro onde servem o gin em copos horrendos, noutras desligo os telefones e espero que ninguém se lembre que eu existo. Continuo a estar lá para os amigos, é um consolo e uma compensação como outros quaisquer, pelo facto de ter ficado preguiçosa para uma série de coisas: arrumar a casa, cozinhar, encher chouriços em conversas, falar ao telefone, aturar dramas familiares. Ou decidir que rumo quero dar à vidinha. Tenho as garrafas da passagem de ano ainda por deixar no vidrão, tenho uma prateleira de livros por arranjar há um ano e uma to-do list em branco. Tudo o que me apetece é ler, dormir e que falem comigo baixinho. E uns abraços, vá. Os do meu irmão costumam saber-me bem. A vida sentimental anda animadíssima, algures entre um tipo que queria viver comigo passados dois meses e outro que toca guitarra e que tem problemas com a ventax do apartamento ao lado. Dei por mim na cama a saber-lhe de todos os pormenores: não dormiu meses com o barulho e não conseguia dizer nada à vizinha porque a ouvia a chorar por causa do divórcio. Eram 5 da manhã e a essa hora as histórias dos outros parecem aquelas mandalas hipnóticas, caleidoscópios em turbilhão na nossa cabeça.
A última coisa que me animou foi a possibilidade de escrever uma BD com uns amigos.
Eu estou bem, obrigada.

1 comentário:

Prezado disse...

As histórias dos outros são os melhores paliativos, parece.