Meandros da história à parte, a verdade é que a noite não me correu nada bem, sabes? Para já o cansaço da tarde apertava comigo e depois havia toda aquela coisa de passar de novo para o lado de cá, de não saber como é que se faz quando se sai à noite sem ninguém. Veste-despe-veste-calça-pinta-perfuma-check. Só a promessa de ouvir boa música me fez ganhar tintins de última hora para me enfiar no carro e não pensar mais nas merdas que andei a aguentar.
A primeira parte do concerto foi paralelamente inversa à qualidade da cerveja servida no átrio: morta e cara. Ainda assim e porque ela insistiu, fomos até ao balcão para repetirmos a dose e acho (acho não, tenho a certeza) que foi aí que começou a vir aquele desconforto. Ignorei. Atravessámos a rua rumo ao round (e o rato roeu a rolha da garrafa do rei da ...) número dois de indie que a isto dos rótulos (...Rússia) nem as putas das breves~semibreves~ colcheias escapam. Tudo muito bom, o gajo era fantástico e com um sentido de show business apurado (não achas incrível que durante o tempo em que eu me devia estar a divertir, estivesse já a pensar no tipo de comentários que ia fazer na segunda, de volta ao trabalho? Como se tivesse de provar a alguém que tenho vida própria e). Havia uma festa num parque de estacionamento lá para as 2h da manhã, com um DJ do qual eu nunca tinha ouvido falar, mas que garantiam ser a última coca-cola da porra do deserto. Não vou, não vou, não vou. O desconforto a falar mais alto e os meus pés, junto com os dela, arrastados para o Bairro. Mais cervejas e umas tostas mal amanhadas, a caminho do Jamaica. O veredicto: uma hora a gelar na fila, entre as 3h e as 4h da manhã; dois miúdos para lá de Baghdad, com um deles a oferecer-me bebidas e pastilhas elásticas (por esta ordem, ouviste bem) se eu o deixasse entrar comigo, e menos uns quantos euros na carteira. A história das mulheres não pagarem blábláblá? Precisely.
Portanto, tínhamos exactamente uma hora e meia para dançarmos e esquecermos problemas, ou melhor, eu tinha hora e meia para isso, mesmo duvidando da minha capacidade de conciliar as duas tarefas. Talvez o álcool ajudasse. Não ajudou. Continuava a ser mau e caro. E foi aí que a sensação de não-pertença se instalou em definitivo: era suposto agir como a maioria, escolher um membro do rebanho e terminar a madrugada enrolada com um fulano qualquer. Poupo-te o resto dos clichés. E poupei-me deles, também, mesmo com a ameaça iminente de ser chata e antiquada e de não estar a aproveitar a vida. Com miúdos que deviam ter, no máximo, 23/24 anos? Não, não percebo nada disto, respondi eu ao olhar de desaprovação dela.
Aos 30 e alguns tenho as contas do costume para pagar, uma despensa repleta de todo o tipo de chás e o Bachelor N.2 da Aimee Mann riscado de tanto tocar (e ainda por cima sei rimar, vês?).
Essa noite não me correu nada bem, pois. Entrei resignada em casa, já deviam ser umas 7 e tal, bebi vinho e acendi o cigarro que ela me tinha deixado, dentro do resto do maço.
E tu sabes bem que eu não fumo.
A primeira parte do concerto foi paralelamente inversa à qualidade da cerveja servida no átrio: morta e cara. Ainda assim e porque ela insistiu, fomos até ao balcão para repetirmos a dose e acho (acho não, tenho a certeza) que foi aí que começou a vir aquele desconforto. Ignorei. Atravessámos a rua rumo ao round (e o rato roeu a rolha da garrafa do rei da ...) número dois de indie que a isto dos rótulos (...Rússia) nem as putas das breves~semibreves~ colcheias escapam. Tudo muito bom, o gajo era fantástico e com um sentido de show business apurado (não achas incrível que durante o tempo em que eu me devia estar a divertir, estivesse já a pensar no tipo de comentários que ia fazer na segunda, de volta ao trabalho? Como se tivesse de provar a alguém que tenho vida própria e). Havia uma festa num parque de estacionamento lá para as 2h da manhã, com um DJ do qual eu nunca tinha ouvido falar, mas que garantiam ser a última coca-cola da porra do deserto. Não vou, não vou, não vou. O desconforto a falar mais alto e os meus pés, junto com os dela, arrastados para o Bairro. Mais cervejas e umas tostas mal amanhadas, a caminho do Jamaica. O veredicto: uma hora a gelar na fila, entre as 3h e as 4h da manhã; dois miúdos para lá de Baghdad, com um deles a oferecer-me bebidas e pastilhas elásticas (por esta ordem, ouviste bem) se eu o deixasse entrar comigo, e menos uns quantos euros na carteira. A história das mulheres não pagarem blábláblá? Precisely.
Portanto, tínhamos exactamente uma hora e meia para dançarmos e esquecermos problemas, ou melhor, eu tinha hora e meia para isso, mesmo duvidando da minha capacidade de conciliar as duas tarefas. Talvez o álcool ajudasse. Não ajudou. Continuava a ser mau e caro. E foi aí que a sensação de não-pertença se instalou em definitivo: era suposto agir como a maioria, escolher um membro do rebanho e terminar a madrugada enrolada com um fulano qualquer. Poupo-te o resto dos clichés. E poupei-me deles, também, mesmo com a ameaça iminente de ser chata e antiquada e de não estar a aproveitar a vida. Com miúdos que deviam ter, no máximo, 23/24 anos? Não, não percebo nada disto, respondi eu ao olhar de desaprovação dela.
Aos 30 e alguns tenho as contas do costume para pagar, uma despensa repleta de todo o tipo de chás e o Bachelor N.2 da Aimee Mann riscado de tanto tocar (e ainda por cima sei rimar, vês?).
Essa noite não me correu nada bem, pois. Entrei resignada em casa, já deviam ser umas 7 e tal, bebi vinho e acendi o cigarro que ela me tinha deixado, dentro do resto do maço.
E tu sabes bem que eu não fumo.
1 comentário:
Thank God you went to bed last night and your morale code got jammed... Your posts got better.
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