Lá por casa sempre houve uma relação muito nossa com o passado: não se fala dele. O lema é erguer o olhar e seguir em frente, sendo que o bom desta atitude ensinou-me a mim e ao meu irmão a estarmos sempre preparados para tudo, a arregaçar as mangas e ir à luta. O reverso da medalha tem a ver com o não preservar da memória e das histórias de família.
De há uns anos para cá, tenho tentado mudar isso e, agora, a pretexto dos 60 anos da matriarca, quando a visito, fujo à socapa para a sala e abro a gaveta das fotografias. Esta gaveta sempre me fascinou: funda, caótica e desorganizada, sem ordem temporal, nela misturam-se caras, lugares, passeios ao jardim zoológico, piqueniques a caminho da praia e legendas em jeito de lembrete de alguma coisa que se achou importante anotar. Remexo-a à procura de tesouros para o álbum de parabéns que estou a construir e apercebo-me da dificuldade de escolher os momentos mais marcantes das seis décadas de vida dela, não só porque há dores fundas no caminho feito, mas também porque os cruzamentos com outros caminhos são mais que muitos. Dá-me vontade de contar todas as histórias e fazer vários álbuns: da tia-avó que nunca tinha vindo a Lisboa e que pasmou de espanto à beira-rio; do bisavô moleiro que comprou a terra onde o meu avô João havia de construir, mais tarde e a custo, a nossa casa; da prima afastada que chocou a família inteira ao levantar a saia para mostrar o tornozelo ao namorado.
Posto que estou numa de arqueologia sentimental, não resisto a partilhar com as três (duas, vá) pessoas que me lêem, algumas preciosidades do meu clã.
De há uns anos para cá, tenho tentado mudar isso e, agora, a pretexto dos 60 anos da matriarca, quando a visito, fujo à socapa para a sala e abro a gaveta das fotografias. Esta gaveta sempre me fascinou: funda, caótica e desorganizada, sem ordem temporal, nela misturam-se caras, lugares, passeios ao jardim zoológico, piqueniques a caminho da praia e legendas em jeito de lembrete de alguma coisa que se achou importante anotar. Remexo-a à procura de tesouros para o álbum de parabéns que estou a construir e apercebo-me da dificuldade de escolher os momentos mais marcantes das seis décadas de vida dela, não só porque há dores fundas no caminho feito, mas também porque os cruzamentos com outros caminhos são mais que muitos. Dá-me vontade de contar todas as histórias e fazer vários álbuns: da tia-avó que nunca tinha vindo a Lisboa e que pasmou de espanto à beira-rio; do bisavô moleiro que comprou a terra onde o meu avô João havia de construir, mais tarde e a custo, a nossa casa; da prima afastada que chocou a família inteira ao levantar a saia para mostrar o tornozelo ao namorado.
Posto que estou numa de arqueologia sentimental, não resisto a partilhar com as três (duas, vá) pessoas que me lêem, algumas preciosidades do meu clã.
O meu vô João, da esquerda para a direita: a caminho da escola; na tropa com três companheiros; a fatiota no dia do casamento; os convidados do casamento (um deles é a minha mãe!! Pois é, vovô e vovó viveram juntos, vovó engravidou e só depois oficializaram a coisa); na "Ferro de Portugal" (actual Carris) e com um colega motorista.
A matriarca Madalena, também da esquerda para a direita: na Praia das Maçãs; na Fonte Luminosa a exibir o seu belo caracol; algures lá por casa, na fazenda e à janela; com os avós dela e, por fim, no Olival Basto, onde viveu alguns anos.
7 comentários:
Eia,não contaste comigo,pá.
;)
Tu pareces com a mumy,pelo menos já vi uma foto tua muito parecida.
e despedindo-me à Fê,"cá um beijo,caraças."
contei, sim, sodona.
é verdade! pareço-me mesmo com ela :D
cá beijinho*
Fotos espectaculares... E que bela imagem sobre a história de Portugal. Também tenho umas dessas aí em Lx - a ver se as desenterro e faço o mesmo! É curioso que fico sempre horas a olhar para fotos antigas. Fico a imaginar como seria a vida desta pessoa (que se calhar até está ali mesmo ao lado!) quando a foto foi tirada... É assustador como o tempo passa tão depressa!
Beijo grande!
Não, são mesmo três (pelo menos). Adoro fotos e adoro que, nos retratos antigos, se note um sentido tão grande do momento (ainda tinha significado, tirar uma fotografia, ao contrário do que acontece hoje, em que até os telemóveis têm câmaras). Infelizmente, na minha família tiravam-se poucas e sobreviveram ainda menos.
Kawamura
Pode ser que quando voltares à nobre capital lusa, a gente faça uma troca destes "cromos" :p
jaa
É verdade, a importância de registar aquele momento em especial dava honras de dia de festa. Na última fotografia da minha mãe, os meus avós puseram lá no quintal, de propósito, a toalha branca e os vasos. E claro que ela vestiu a mnelhor roupa.
beijos aos dois
olha... pelos vistos somos 4 leitores.
;)
e estou na tua lista de blogs e tudo 8) beijinho*
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