26.1.11

Ando um bocado trocada

As hormonas não ajudam, o trabalho também não e é nestas alturas que mais falta sinto de conversar contigo. Chorei baba e ranho ontem, no comboio. O tipo que ia à minha frente olhava de soslaio enquanto eu limpava os olhos esborratados e pegava no telemóvel para te mandar uma mensagem. Teria que me justificar Não te preocupes, tá tudo resolvido na minha cabeça, afinal passou tempo suficiente e sou crescida. Nada de confusões, precisava mesmo de saber a tua opinião sobre isto. Tenho uma decisão para tomar. Fico e aguento mais uns tempos. Ou largo esta merda e vou cuidar daquilo que o meu avô deixou.
Desisti. Depois andei às voltas antes de entrar no prédio. Em casa abri uma garrafa de vinho e ainda brindei à tua saúde. Desde que te mudaste para o outro lado da ponte que fico especada à janela julgando que, por um qualquer milagre idiota, te vou ver dali.
Soube-me mal, o vinho.  Era de 2009 e, como sabes, esse foi um ano de fraca colheita.