29.9.11

Note to self

Não me faças muitas perguntas, mas hoje preciso de ficar em algum lado e não quero pedir a mais ninguém. Dá pa ir pa tua casa?

Claro, ficas o tempo que precisares.

Não perguntei mais nada e no final do dia fui ter com ela. Já ia na segunda caipirinha e o maço de tabaco tava perto do fim. Como sempre, disfarçou a coisa com aquela aceleração dela e eu a ouvir tudo, preocupada. Meti-a no carro, lá me arrastou para o super e atalhou para o corredor dos vinhos. Queres levar Monte Velho? Pôs duas garrafas no cesto e continuou a olhar para as prateleiras. Sacou mais uma de tinto EA e seguiu, frenética. Pão, queijo, gelado, iogurtes. Insistiu em pagar tudo.
Fiz o jantar e obriguei-a a comer. A conversa acabou por sair: as merdas do trabalho, a ida para os Estados Unidos cancelada, o casamento marcado e a pessoa que ela julgava ver no namorado e que, afinal, se revelava outra. O medo do que aí vinha.

A história não é nova e há-de repetir-se. Já a vivi, vejo-a nos que me são próximos e traz-me a confirmação de sempre (e deus sabe como preciso dela!): não há pessoas ideais, não há relações perfeitas e a porta bonita de uma casa é só isso mesmo, uma fachada.

Sem comentários: